Como identificar um bom Psicoterapeuta?
Como encontrar um bom psicoterapeuta? O que eu posso observar para identificar se ele é bom ou não naquilo que faz?
Encontrar o psicoterapeuta certo pode envolver quase tanta energia e tempo quanto encontrar um cônjuge certo. Você pode passar meses e até anos adiando o importante processo de psicoterapia e análise, simplesmente porque não sabe em quem confiar, onde buscar ajuda e como avaliar se, de fato, aquela pessoa vai poder te ajudar.
Para te ajudar, elaborei 6 perguntas para que você faça a seu psicoterapeuta afim de verificar se sua conduta se encaixa com as suas expectativas.
- Meu problema é ___________________. Como você pode tratar isto?
Isso é bem direto, eu concordo, mas é importante que exista um plano de trabalho definido para a sua queixa. Obviamente, você precisa saber qual é o seu problema e descrever os sintomas. “Meus problemas são insônia, preocupação e raiva. Como você pode tratar isso?” O que se espera de um bom psicoterapeuta é que a resposta ressoe como um plano de trabalho e faça sentido para que você esteja disposto a entrar no processo, afinal, você como maior interessado, que terá que andar por este caminho. O mais importante é que os terapeutas sejam capazes de descrever o processo de uma maneira que você possa entender. Se eles apresentarem uma abordagem chamativa e cheia de jargões de livros de autoajuda que não fazem o menor sentido para você, pode esperar sentir-se igualmente confuso na terapia com eles.
2) Alguns psicoterapeutas se sentem mais à vontade em focar na mudança do comportamento, enquanto outros querem se concentrar na questão mais profunda, a origem do comportamento. Qual é o seu foco?
Muitas terapias baseadas no comportamento se concentram no tratamento de sintomas imediatos, enquanto terapias mais profundas, baseadas em psicodinâmica se concentram na origem do problema, no que originou o comportamento. A resposta preferida depende de suas necessidades: se você precisar de um alívio rápido e imediato, tenderá a escolher abordagens como a Terapia Comportamental ou a Cognitiva-Comportamental (TCC), mas se estiver disposto a esperar um pouco e obter um resultado permanente, com uma visão mais profunda e completa, as teorias psicodinâmicas, como a psicanálise provavelmente atenderão mais a sua necessidade. Novamente, a capacidade do terapeuta de comunicar claramente sua abordagem é fundamental aqui, mesmo que eles digam que combinam abordagens.
3) – Você costuma ter um papel mais ativo ou mais passivo durante as sessões?
Outra distinção importante é se um terapeuta é “ativo” ou “passivo” nas sessões. Alguns terapeutas têm uma agenda para a sua sessão antes de você se sentar: ele já aborda os assuntos que serão trabalhados e você é um “passageiro nesta viagem.” Outros terapeutas esperam que você defina os assuntos a serem trabalhados. Alguns terapeutas são mais falantes, outros são mais calados. Muitas pessoas desistem do processo de terapia porque encontraram um lugar de silencio e passaram a acreditar que psicoterapia é um lugar onde você fala, fala e fala. Nem todos os psicoterapeutas agem desta forma. Novamente, isso é uma questão de seu estilo pessoal. Talvez você prefira alguém que fale mais.
4) Que papel o nosso relacionamento tem no processo de psicoterapia?
Alguns terapeutas veem a terapia como um laboratório: os problemas que você experimenta no mundo exterior surgirão entre você e seu terapeuta, e essa é uma ótima oportunidade para realizar análises importantes. Para outros, a terapia é como uma sala de aula – um lugar onde você aprende ferramentas e dicas para aplicar fora da sessão. É bom que você saiba onde que está entrando. Se você, por exemplo, deseja aprender a confrontar as pessoas e começa a praticar isso com seu terapeuta, convém que a terapia seja um laboratório. Mas se você apenas quiser dicas para gerenciar sua Ansiedade deseja que a terapia seja um recurso para informações e exercícios, convém procurar um “professor” ou um “coach”, ouvir palestras e coisas assim.
5) Quais são seus pontos fortes como terapeuta?
Muitos pacientes não fazem essa pergunta, mas acho que deveriam. Ao perguntar, eles estão convidando o terapeuta a fazer uma avaliação honesta de seus atributos mais fortes e, ao mesmo tempo, pedindo que eles apontem o que eles acreditam serem traços importantes de uma terapia. Se eles dizem “tenho capacidade de ganhar fama e fortuna”, bem, você sabe no que está se metendo…
6) Você faz terapia?
Essa pode ser uma pergunta opcional para os mais ousados , mas também é a mais importante. É essencial que um terapeuta gaste uma quantidade significativa de tempo em sua própria terapia. Por quê? Porque nos lembra como é estar do outro lado, porque me ajuda a discernir entre o meu mundo e o mundo dos meus pacientes, porque modela um processo vitalício de introspecção constante e porque posso aprender coisas do meu próprio terapeuta que podem ajudar meus clientes. Você não precisa perguntar detalhes específicos, mas acho que perguntar se um terapeuta esteve em terapia é uma pergunta extremamente importante para separar bons e maus psicoterapeutas.
Além dessas perguntas, algumas questões devem ser sempre observadas durante as sessões.
- Quanto tempo você levou para se sentir à vontade ao falar com seu terapeuta?
- Você se sentiu pressionado para falar ou conseguiu seguir seu próprio ritmo?
- O terapeuta pareceu compreender suas colocações ou te interpreta mal toda vez?
- Você sentiu que a conversa fluiu ou foi desajeitada?
- Você entendeu as colocações do seu terapeuta ou parecem jargões técnicos ou declarações vagas?
- Imagine o seu segredo mais profundo e sombrio –você pode imaginar contar isto para seu terapeuta?
Estudos apontam que o sucesso da psicoterapia depende da qualidade do relacionamento entre o terapeuta e o paciente. É muito melhor ter um psicoterapeuta recém-formado com quem se pode conectar do que um terapeuta experiente de 40 anos, autor de diversos livros, com quem você não se sente entendido.
Espero ter ajudado você a escolher um bom psicoterapeuta!